"Profissão Repórter", comandado por Calo Barcellos, é um dos poucos programas que gosto na televisão aberta. E gosto justamente pelo critério usado por Caco, um dos melhores jornalistas do Brasil, para contratar novos repórteres: precisa ter brilho no olhar.
"Fazer entrevista é fácil. Agora, fazer uma boa reportagem, com consistência, que emocione, dá muito trabalho. É esse trabalho que queremos mostrar", diz.
O programa revela as dificuldades e as emoções envolvidas nas reportagens. Ainda inexperientes, os repórteres se dão o direito de chorar, de ficar em dúvida, de mostrar o impacto provocado pelos dramas humanos.
Tenho um pacto comigo mesma: o dia em que perder a capacidade de me emocionar ou de ficar indignada com as histórias dos outros, paro com o jornalismo e vou fazer outra coisa.
Dia desses, minha indignação, que engoli, foi com colegas de imprensa. Fui cobrir uma morte, trágica e que exigiu plantão de horas em busca de informações e imagens. Sim, passamos fome, ficamos muito cansados, não foi nada fácil. Mas episódios assim fazem parte da carreira jornalística. Os que estavam lá não escolheram ser bancários ou trabalhar oito horas batidas num escritório.
Alguns de meus colegas, acho que endurecidos pela rotina desgastante, reclamaram alto e até agressivamente perto de familiares da pessoa morta, entre eles uma criança ainda sob o choque da perda. Como se aquelas pessoas tivessem culpa do plantão inesperado. Também falaram sem parar do almoço adiado por algumas horas. Na porta de uma funerária, onde um corpo era preparado para o velório.
Torço muito para que os familiares vítimas da insensibilidade jornalística não tenham ouvido os comentários infelizes e as gargalhadas fora de hora. Ninguém merece isso.
terça-feira, 14 de abril de 2009
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