terça-feira, 30 de junho de 2009

Saguis

Fui entrevistar o professor Osmar Cavassan, da Unesp-Bauru, e ganhei uma aula sobre o cerrado. O campus está numa área de cerrado e, durante a entrevista, apareceram uns saguis na janela da sala. Achei demais. Saguis pulando nos galhos das árvores combinavam com o tema da matéria.

Estava enganada e desinformada. Os saguis não tem nada a ver com o cerrado. Pelo contrário. Em Bauru - e especialmente no campus da Unesp - viraram uma praga.

Eles provavelmente vieram de algum cativeiro - soltos de propósito ou fugitivos. No cerrado, encontraram alimentação e não tem predadores. O resultado: o desequilibrio. São muitos e comem pequenos animais do habitat que invadiram.

Além disso, no campus, há casos de atropelamentos e de panes na rede elétrica provocada por saguis.

Eles são bonitinhos e provocam encantamento - não é todo dia que a gente vê macaquinhos pulando de árvore em árvore. Mas não deveriam estar ali.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sem coração

Michael, Michael... Até o funeral, sem data e local revelados até agora, o mundo vai falar de Michael Jackson. A morte provocou uma tristeza coletiva por ressaltar, mais uma vez, que a vida de ídolo não combina com a vida real. É impressionante a lista de grandes ídolos mortos devido aos efeitos das substâncias ingeridas para diminuir as dores (do corpo e da alma): Elvis, Marylin, Elis, Carmem Miranda, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Cássia Eller... É impressionante saber que o enorme talento não gera felicidade.

E as notícias revelam bastidores cruéis: o rei do pop era, no fim da vida, um homem de 50 quilos, voz fraca, cheio de cicatrizes e com o estômago lotado de medicamentos e vazio de comida. Deixou três filhos pequenos que já começam a ser disputados e estavam em casa quando o pai morreu, simplesmente porque o coração não aguentou a carga pesadíssima.

Triste também rever uma entrevista de Michael em que ele fala de sua infância de estrela pop. Apanhava do pai e era chamado de feio. Agora, o pai foi o primeiro a aparecer e a falar, sem marcas de tristeza no rosto. Tenho pena do Michael criança, que cresceu e virou um adulto muito perturbado. Tenho pena de todas as crianças que sofrem por causa de pais e mães sem coração.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A estrela

O mais melancólico e ver as imagens de Michael Jackson criança, já cantor, já estrela. Por que tantos artistas que viram astros têm mortes precoces e trágicas? Ele poderia ter brilhado a vida inteira, por causa do talento. No entanto, teve uma vida tortuosa, massacrante. Difícil compreender.

* Fátima Bernardes disse no JN que, como adora dança, já quis ser Michael Jackson.

As capas

Além de congestionar e travar o google e o twitter, a morte de Michal Jackson fez jornalistas do mundo inteiro pensarem, rápido, sobre a capa que dariam para a morte do astro pop. Alguns pensarem bem, outros nem tanto. Não é fácil ser criativo sob a pressão do relógio e com uma notícia que estava em todas as mídias, exploradas de todas as formas. Alguns jornais conseguiram.

Um deles, o Meia Hora, do Rio, radicalizou. Foi macabro, mas não dá para negar a criatividade. Quando Clodovil morreu, o mesmo jornal deu uma manchete colorida, quase brilhante: "Virou Purpurina".

Outro jornal popular do Rio, o "Extra", também tentou ser criativo. Deu uma capa preta, só com uma luva prateada, e as datas de nascimento e morte de Michael. Hummmm... Acho que faltou um pouco de produção, o resultado parece meio tosco.

No "Zero Hora", de Porto Alegre, o ídolo aparece entre nuvens, dando show. A edição está boa. Logo abaixo de Michael tem chamada grande para entrevista exclusiva do presidente Lula, falando de Dilma e de ajuda aos pobres.

Gostei dos critérios usados na capa do "Diário de S. Paulo", o jornal popular do grupo Globo na capital paulista. Tem informações quentes e menos óbvias que os demais, como a dívida milionária deixada pelo astro. E traz, pequena, a foto de Michael entubado, durante o atendimento médico. Não sejamos hipócritas: é uma imagem que todo mundo queria ver. O jornal também resgata a história de fã de atropelamento por comitiva do cantor, no Brasil.

Não vou citar os grandes jornais, todos com notícias e fotos bem padrão e com a informação que todo mundo já tinha lido na internet e visto na TV. Dá para perceber que os jornais populares - e menores - têm mais margem para a criatividade. O que, imagino, é a saída para os tempos de jornalismo online, de informação instântanea. Jornais impressos precisam encontrar maneiras de sobreviver aos novos tempos. Alguns não vão conseguir.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pelourinho

O que eu mais gosto é o clip gravado no Pelourinho, Salvador. Michael com os tambores do Olodum, no ritmo negro da Bahia. Começa com um grito: "Michael, Michael, eles não ligam para a gente". Bonito demais.

Até o fim

Marcelo Tas comenta que até o anúncio da morte de Michael Jackson foi bizarro. Morreu, não morreu, está em coma, não respira, o coração parou... Mas lembra também que o legado maior é mesmo a música.

Triste

"Além de branco ficou triste" (Gilberto Gil)

Youtube tem canal de clips de Michael.

Michael

A notícia da morte de Michael Jackson é do tipo que mobiliza as redações. Astro mundial, de talento inegável e comportamento bizarro, teve uma parada cardíaca em casa. A morte dele foi anunciada por um site especializado em notícias de celebridades. Imediatamente, outros sites ao redor do mundo repetiram a notícia, citando como fonte o site. Ficou a dúvida. Ele morreu mesmo ou o tal site errou? No Twitter, a informação dominou os posts. Todo mundo falando da morte e citando suas fontes, todas consultadas via internet. Na TV, dá para ver uma multidão de jornalistas na porta do hospital.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

As árvores

Bauru tem uma lei que permite a imunização de árvores contra o corte. Tombadas pelo patrimônio ambiental, elas têm a integridade preservada. Quem se atrever a desobedecer comete crime e fica sujeito inclusive à detenção.

Em 2007 fui pautada para uma matéria com a história de três árvores recém-tombadas. Gostei da idéia, mas me preparei para um dia inteiro de peregrinação em busca de personagens. Me vi batendo nas casas, abordando as pessoas na rua, implorando entrevistas sobre suas relações com as árvores imunizadas.

Estava enganada.

Em minutos encontrei pessoas dispostas a contar suas histórias com as três árvores. Todas interessantes, até poéticas. E fui obrigada a constatar uma triste realidade: eu pouco olho para as árvores no meio do caminho, só percebi a beleza de algumas delas por causa da matéria.

Uma das imunizadas tem o nome de guapuruvu, uma altura impressionante e fica no Jardim da Grama, periferia de Bauru. Eu nem sabia que existiam árvores tão altas em plena zona urbana. Fiquei olhando, surpresa. O guapuruvu já havia sido alvo de uma vizinha infeliz, insatisfeita com as folhas caídas na calçada. Ela tentava derrubar a linda árvore. E as crianças do bairro reagiam, até com pedradas no portão da mulher. Ela achou melhor ir embora, para ficar longe dos moleques e do guapuruvu. Sorte de todo mundo.

Dia desses, encontrei novos amantes de árvores. O Mary Dota é um dos bairros menos arborizados da cidade. Foi planejado com calçadas estreitas, o que dificulta o plantio. Mas lá no bairro tem uma rua em que quase todos os vizinhos são plantadores. Eles moram em frente a uma área verde, que reflorestam por conta própria. Têm uma relação de amor por cada muda plantada, regada e admirada.

Está nessa rua um pau-Brasil ainda pequeno, plantado há três anos. É uma das mais novas árvores tombadas da cidade. Tata, a responsável pelo plantio, sonhava com a espécie tão relacionada à história do país. Agora só quer ver sua árvore crescer bonita e em paz.

Perfumaria

Tem palavras e expressões que odeio, outras gosto muito. Odeio a expressão "prata da casa". Acho cafona, bairrista, boba mesmo. Gosto de perfumaria, descobri agora. Perfumaria com o significado de fábrica ou loja de perfumes mesmo e não de coisa banal, sem importância.

Amanhã vou entrevistar um engenheiro que tem escritório atrás de uma loja de perfumes, uma perfumaria. Por isso redescobri a palavra.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Diário do Araguaia

O jornal Estado de S. Paulo publica uma série de matérias com revelações extraídas de relatório assinado por Sebastião Curió, hoje militar da reserva, um dos líderes da repressão à Guerrilha do Araguaia. A revelação mais impactante até agora é que os militares executavam os guerrilheiros já dominados e presos e não em combate.

Revelação porque está escrito, documentado. Até agora os dados oficiais sobre a guerrilha, ocorrida na década de 70, permanecem secretos. Nem Fernando Henrique nem Lula tiveram coragem suficiente para enfrentar as Forças Armadas e abrir os arquivos. Mas as famílias dos mortos na região norte do país têm, a muito tempo, certeza sobre a execução de grande parte dos militantes. Depoimentos de sobreviventes e de moradores da região já haviam reconstruído cenas de terror.

Lembro de Clóvis Petit, irmão de Maria Lúcia Petit, a única que teve os restos mortais reconhecidos e entregues à família, na cerimônia em homenagem à irmã, realizada em Bauru na década de 90. Chorando, ele descrevia a cena da jovem comunista dominada e executada por militares super-armados.

A Guerrilha do Araguaia é responsável pelo surgimento de uma das personagens mais emocionantes da história brasileira: a costureira Julieta Petit, que esperou, em Bauru, a volta dos três filhos.

Mulher simples, criada na região, onde teve seus cinco filhos, Julieta não sabia onde Lúcio, Maria Lúcia e Jaime estavam. Depois da anistia, esperou a volta. Acreditava que os filhos estavam livres para circular normalmente e rever a mãe. Todos os exilados voltaram, os três não. Não estavam exilados, estavam mortos. Só então ela soube o que acontecera e virou símbolo de outra luta: o resgate dos corpos e a entrega aos familiares, para o enterro.

Julieta teve a saga reconhecida e homenageada, foi indenizada, mas conseguiu enterrar apenas Maria Lúcia. Morreu sem ter a chance de encontrar os outros dois. A velha senhora está enterrada em Bauru, no mesmo túmulo da filha. É para onde vão Lúcio e Jaime, caso o governo brasileiro um dia resolva de fato revelar onde estão os restos mortais que precisam ser devolvidas às famílias.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Prefeito ambientalista

Achei triste ver Rodrigo Agostinho assistir ao anúncio da volta do rodeio a Bauru sem sequer reclamar. Lógico, ele é prefeito e precisava estar no evento de lançamento da Grand Expo 2009. Também não deve ter instrumentos para impedir o tal rodeio. Mas podia falar pelo menos uma frase de protesto, deixar claro que é contra a violência contra animais. Não custava nada.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Chico

Chico Buarque faz 65 anos hoje. Já??? Ele é outro medo profissional, lembrei agora. Acho que não conseguiria entrevistar Chico Buarque. Sou muito fã.

Som & Fúria

Impressionante a história do ator Perry Salles, ex-marido de Vera Fischer, morto de câncer na última quarta-feira e cremado hoje. Perry teve uma forte depressão nos anos 90, quando já estava separado de Vera e perdera um filho, morto em acidente de moto. Trancou-se num pequeno teatro que havia comprado em Salvador, ficou cabeludo, barbudo, parou de tomar banho. Só saía de vez em quando para comprar carne moída e macarrão, sua única refeição no período de imersão.

Nos últimos anos, voltou a se aproximar de Vera, desta vez como grande amigo. Foi na casa dela que o ator passou os últimos meses, na fase final da doença. Na TV, ele foi Laio, na novela em que Vera era Jocasta e Felipe Camargo interpretou Édipo. Todo mundo sabe que a vida imitou a arte e Jocasta e Édipo se apaixonaram de verdade. Laio ficou sozinho.

Além da ironia do destino, impressiona a imagem de um ator em decadência trancado num teatro sombrio, sozinho, sem contato com ninguém, em plena cidade ensolarada de Salvador, Bahia.

Vera, que também viveu um período de escuridão, hoje tem um papel para lá de apagado em "Caminho das Índias". Sempre que assisto sinto pena. A outra ponta do triângulo, Felipe Camargo, não escapou. Mergulhou nas drogas e na bebida, voltou à tona, mas perdeu a chance de ser um ator brilhante que sua estréia, em "Anos Dourados", antecipara. Parece que voltará a ter destaque. Fernando Meirelles o escolheu para protagonizar a minissérie "Som & Fúria", da Globo. Acredita que todo mundo vai gostar. O Édipo promete surpreender.

Coisa velha

Parece que o PTB de Bauru decidir ir para a oposição ao prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) e abrir mão dos cargos que poderia ganhar na ainda não criada Secretaria de Turismo. Rodrigo deveria comemorar. Se livra do ônus de criar uma secretaria que não tem justificativa para existir. E da aliança de gente que não esconde que só vota a favor se ganhar cargo. Pelo amor [de Deus], como diz minha filha. Isso é muito antigo. E ainda tão atual...

Futebol

Tenho um medo profissional. Precisar, algum dia, cobrir um jogo de futebol. O que vou fazer se não entendo nada do que acontece em campo e não tenho o menor interesse? De futebol, só gosto das crônicas que o Chico Buarque escreve de vez em quando. Ah, e de ver a torcida enlouquecida do Corinthians. A torcida, nunca os jogadores.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Outro episódio

Ah, tem mais uma coisa que gosto no Serra. Ele enfrenta forças poderosas quando tem uma convicção. Vi isso uma vez em Itaici, em reunião da Pastoral da Saúde da Igreja Católica.

Era uma reunião grande, com presença de bispos, muitos padres, leigos, profissionais da saúde e representante oficial do Vaticano. O assunto: a posição conservadora - e absurda! - da igreja em relação ao uso da camisinha.

Os católicos que trabalham no dia-a-dia com portadores do vírus HIV concluíram que estava na hora da igreja defender o uso da camisinha como forma de combater a doença. Prepararam até material impresso com essa orientação. Distribuíram o material e fizeram discursos inteligentes sobre o tema.

Até a chegada do representante do Vaticano, que mudou tudo. O material sumiu, os discursos mudaram, a igreja brasileira vergonhosamente voltou atrás e passou a criticar o uso da camisinha, como faz o pré-histórico Vaticano.

Então ministro da Saúde, Serra participou do evento e, dentro dos domínios poderosos do catolicismo, reafirmou o que todo mundo sabe - ou deveria saber: a camisinha deve ser usada para prevenir o contágio da Aids sim e os religiosos de todos os naipes falam besteira quando divulgam o contrário.

Foi importante a fala dele, assim como a de D. Paulo Evaristo, que discursou defendendo a vida.

Hatoum e Serra

O escritor Milton Hatoum estará hoje à noite em Pederneiras, para um bate-papo que faz parte do projeto "Viagem Literária", do governo do Estado.

"Dois Irmãos", um dos livros de Hatoum, é um dos melhores que já li na vida. Conta a saga de uma família de origem libanesa em Manaus. Desde então tenho vontade de conhecer "ao vivo" Manaus e seus mistérios. Pena que ainda é tão caro viajar.

********

O José Serra que está no Twitter parece outro José Serra. Vale a pena ler suas postagens. No mundo virtual, ele é bem mais humorado e parece até mais humano. Porque em muitos dos eventos políticos que participa Serra é ríspido e sem paciência. É verdade que nos últimos tempos isso parece ter melhorado, talvez por um efeito pré-eleitoral, sei lá.

Às vezes fico pensando se gosto ou não do governador. Gosto do trabalho dele no Ministério da Saúde, principalmente do combate ao fumo e do tratamento aos portadores do vírus da Aids. No governo do Estado, acho interessante políticas voltadas a minorias e a prioridade a áreas como cultura e meio ambiente. A Virada Cultural é idéia dele, por exemplo.

O que detesto em Serra é a mania que tem de não aceitar algumas perguntas de jornalistas. Perguntas normais, cabíveis, que recebe sem educação nenhuma e, pelo que já me contaram, às vezes até com tentativas de censura. Isso não combina com o Serra que está no Twitter.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cacilda Becker

Cacilda Becker, morta em 1969, após passar mal no palco por causa de um aneurisma cerebral, é sempre apontada como uma das melhores atrizes na história do Brasil. Sempre ouvi falar isso. Mas não sabia que Cacilda teve uma trajetória de miséria ao lado das duas irmãs e da mãe.

Li parte da história esses dias, contada pela atriz Cleyde Yáconis, uma das irmãs de Cacilda, num texto no "Estadão". A mãe delas foi abandonada pelo marido com três filhas para criar. Elas passaram fome e viveram numa favela antes do sucesso salvar a família dos tempos de tristeza.

A tal tristeza, no entanto, nunca abandonou Cacilda, segundo as palavras da irmã. Magra, pelo no osso, a grande atriz se achava inadequada para a época, quando a moda eram mulheres opulentas. Justamente o contrário do que acontece hoje.

De acordo com Cleyde, a estrela dos palcos tinha um sentimento de inadequedação, de não aceitação. Por causa da aparência.

É um mistério. Por que mulheres sofrem tanto com esse tipo de coisa? Até Cacilda Becker, que mobilizava platéias em torno de seu brilho?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Lama

É muita falta de criatividade. O senador José Sarney fez um longo e raivoso discurso no Senado para tentar tirar o próprio nome da lama. Parece meio impossível, mas ele tem o direito de tentar. Todos os sites que vi até agora usaram a mesma frase no título: "A crise é do Senado, não minha, diz Sarney". Um copia o outro? Ou todos os jornalistas pinçaram a mesma frase?

Castigo

Sem dúvida um avanço a decisão de grandes redes de supermercado. Wal-Mart, Pão de Açúcar e Carrefour suspenderam a compra de carnes de frigoríficos que devastam a Amazônia, grupo Bertin, de Lins, incluído. Tomara que seja sério. Tomara que a moda pegue.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Twitter

Entrei no twitter, para conhecer como funciona e ver se gosto. Um dos primeiros posts que li resume bem o que é esse novo instrumento da internet: uma espécie de hospício virtual, com um monte de gente falando sozinha. É isso mesmo, ou quase. Há troca de informações, algum diálogo, mas na maior parte do tempo as pessoas postam sobre suas vidas, seus pensamentos e não têm retorno.

Para quem precisa - ou gosta - de informação o tempo todo, no entanto, é interessante. Tem até o governador José Serra postando no twitter - e dizem que é ele mesmo e não um fake. Encontrei também a Regina Casé, a Astrid Fontenelle (essa tenho certeza que é a verdadeira, ela comenta sobre o twitter em seu blog), a Rosana Hermann, o Luciano Huck (também o verdadeiro, numa reação a um fake que usava seu nome), entre outros.

Isso sem falar nos twitters de sites de notícia, como o do UOL, da Folha, do Estadão e do Consultor Jurídico. É informação o tempo todo, nada muito diferente do que já existe na rede, mas sabe como é, jornalista precisa ficar de olho em tudo, vai que surge uma novidade...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Na escuridão

Acabo de testemunhar a falha absurda no atendimento especializado a pacientes com problemas psiquiátricos. O jornal BOM DIA fica na região central da cidade, numa redação envidraçada, de portas abertas e bem acessível a qualquer pessoa que passa na rua. Hoje entrou aqui uma senhora japonesa em estado de surto. Ela chorava, tremia, falava coisas sem sentido, citava personalidades da TV e andava de um lado para o outro. Ligamos para o Caps, o centro de atendimento a pacientes psiquiátricos. O Caps não recebe urgências e orientou o encaminhamento para o Pronto-Socorro. Chamamos o Samu, que acaba de levar a mulher.

O Samu chegou rápido, com médico e socorristas delicados. O médico conversou com a senhora antes de conduzi-la à ambulância, de forma bastante atenciosa. Mas o Pronto-Socorro não é o lugar ideal para pacientes em surto. Parece óbvio que não é possível misturar um paciente descontrolado com gente a espera de atendimento básico. Além disso, acredito que o PS não tenha médicos especializados de plantão para receber de forma adequada uma paciente portadora de doença mental.

Enfim, é bem triste ver alguém nesse estado e ainda torcer para que ninguém dê risada. Não tem graça nenhuma.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Peso nos ombros

A imagem que fixei na memória da tragédia do voo 447 não é do imenso oceano, de pedaços do avião ou de fotos das vítimas. Desde ontem à noite, penso em Regina Casé toda que vez que leio, ouço ou vejo algo sobre o acidente.

Regina Casé estreou no Fantástico mais um de seus incríveis quadros que misturam reportagem, ficção e entretenimento. Ela tem enorme talento para traduzir em linguagem televisiva o que o povo fala e pensa. O novo quadro mostra as modas populares, dos tipos de cabelo às comidas que todo mundo vai experimentar.

A atriz e apresentadora estava no estúdio, ao vivo, para ancorar o novo quadro. Foi chamada logo após uma reportagem sobre o encontro dos primeiros corpos. Ouviu uma mãe entre lágrimas dizendo que, diante do sofrimento provocado pelo resgate de corpos boiando dias após o acidente, preferia a filha onde estava, no fundo do mar.

Quando a câmera focou Regina, ela estava menor, com ar sofrido e um enorme peso nos ombros. Deu para notar os braços caídos e as sombrancelhas tristes. Profissional experiente, driblou a armadilha de ter sido escalada para falar de humor logo depois de uma notícia tão pesada. Para mim, ficou a imagem do abatimento.

Parentes de passageiros do voo 447 narram cenas de desespero na hora em que chegou a informação sobre o encontro dos corpos. A morte ficou real, foi materializada, não dá mais para acreditar em sobreviventes esperando ajuda em ilhas remotas.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Para ajudar Thiago

O Thiago é um bauruense de três anos que nasceu com a síndrome do meio coração (Hipoplasia de Ventrículo Esquerdo). Ainda na gravidez, a mãe dele, Márcia Adriana, ouviu de médicos que a doença é incompatível com a vida.

Mas a família encontrou o médico José Pedro da Silva, da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e conseguiu mostrar que Thiago pode viver sim. José Pedro é um dos principais especialistas em cirurgias cardíacas do Brasil e desenvolveu no país a técnica que pode salvar as crianças portadoras de meio coração.

O menininho já fez várias cirurgias, passa por acompanhamento médico frequente, faz terapias, exames, etc.

Os pais conseguiram que a Unimed cobrisse até agora os gastos das cirurgias e demais procedimentos. Márcia Adriana virou uma especialista em encaminhar mães com o mesmo problema para o médico José Pedro da Silva. Em muitos casos se responsabiliza pelos contatos na Beneficicência e até pela parte burocrática das internações, negociação com convênios, decisões judiciais, etc. Dá muito apoio para as mães que ficam sem saber o que fazer ao receber o diagnóstico dos filhos.

Agora quem precisa de ajuda é Márcia Adriana e o pequeno Thiago. A empresa em que ela trabalha cortou o convênio médico e, ao mesmo tempo, o marido está prestes a perder o emprego, por causa da crise econômica. A família passa por dificuldades financeiras. Thiago ainda precisa de muita atenção médica e existe inclusive a possibilidade de um transplante.

Diante da situação, outra Márcia, essa do Rio de Janeiro, resolveu ajudar. Ela é amiga da Márcia de Bauru porque também teve um filho com a síndrome do meio coração, Ian, morto logo após o parto. Foi uma das mães ajudadas pela bauruense.

A Márcia do Rio é fotógrafa e bolou um evento em que fará 15 fotos de crianças, em áreas verdes do Rio e de São Paulo, e venderá para os pais. A renda será revertida para o tratamento de Thiago.

Márcia Adriana procura um fotógrafo de Bauru disposto a fazer uma ação parecida aqui. Seria a doação de um dia de trabalho, tirando fotos de crianças numa praça, do mesmo jeito que será feito no Rio e em São Paulo.

Para entrar em contato com a Márcia Adriana: dri_rebordoes@hotmail.com

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Notícias

Clóvis Rossi, na Folha, disse que nunca temeu as viagens de avião. Mas agora começa a temer. Tenho a mesma sensação. Três tragédias num período tão curto não tem nada de normal. E ainda num período em que a indústria da aviação enfrente crises, com fusões de empresas, fechamento de outras, cortes de serviços, etc.

Hoje saiu a lista oficial dos mortos no acidente do voo 447. O estranho deste acidente é que, por mais óbvio que fosse, as pessoas demoraram a acreditar que não havia chance de encontrar algum sobrevivente. Teve até um oficial da FAB (Força Aérea Brasileira) que, no Jornal Nacional, cogitou a hipótese de alguém ter sobrevivido. Achei irresponsável.

O mais triste foi o ocorrido no hotel que serve de base para os parentes das vítimas no Rio. Um homem entrou na sala onde todos se reúnem e disse que sobreviventes foram resgatados por um navio e levados para Fernando de Noronha. Todos se abraçaram e choraram, com esperança.

É mesmo difícil aceitar a morte em circunstância tão trágica.

*********

Já tinha lido os artigos dele na Folha sobre o assunto, mas esta semana o poeta Ferreira Gullar é capa da revista Época. Fala sobre as dificuldades enfrentadas com os dois filhos esquizofrênicos - um já morto. Ferreira Gullar colocou em discussão um tema tabu. A internação de doentes mentais. Nos últimos 20 anos, a luta antimanicomial ganhou força e conquistou o fechamento de hospitais que funcionavam como depósitos de doentes. Profissionais da psiquiatria defendem a convivência dos pacientes com suas famílias e o atendimento em hospitais-dia.

O poeta, no entanto, diz com todas as letras que em algumas situações a internação é a única saída. E agora faltam leitos hospitalares. Famílias, principalmente as mais carentes, ficam sem saber o que fazer diante de parentes que surtam e não tem para onde ser encaminhados.

Além disso, pesquisas mostram o aumento da população de rua após o fechamento dos manicômios. Muitos dos sem-teto são doentes mentais, que perderam o contato com os familiares.

Assunto polêmico, mas que não pode ir para debaixo do tapete.

*************

O destino do garoto Sean mobiliza juristas brasileiros e norte-americanos. Já vi gente falando que a opinião do garoto de 9 anos deve ser levada em conta e outras pessoas dizendo justamente o contrário. Acho que ele tem que ser ouvido sim. E o que mais deveria ser analisado nessa história é em que situação o garoto vai sofrer menos.