quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Enganos

Estou com a incômoda sensação de ser enganada o tempo todo - e ter uma tendência a deixar que isso aconteça, numa espécie de inocência que dá raiva.

Sempre achei que as autoridades judiciais têm razão ao defender a "saidinha" dos presos com bom comportamento em datas como o Dia das Mães, dos Pais, Natal, etc. Afinal, presos são pessoas em processo de recuperação, precisam se ressocializar para um dia voltar a viver no meio de gente comum.

De uns anos para cá, no entanto, aumentou a associação entre crimes e o período da tal "saidinha". Ficou comprovado: não são todos, claro, mas há presos que saem para rever a família e praticam crimes no meio do caminho. Aí, é fácil deduzir: não são apenas os bem comportados que saem para a rua.

Hoje tive a certeza que fui boba ao acreditar nos argumentos oficiais. Conclui isso após assistir ao vídeo de uma emissora da Bahia que mostra o estuprador que sequestrou uma pediatra e a filha dela de um ano, tentou violentá-la e a atropelou depois que a mulher reagiu e tentou salvar o bebê, que estava no carro dirigido pelo bandido. Ele circulava por causa da "saidinha" do Dia dos Pais. Era um criminoso perigoso, autor de vários estupros, já havia atacado mulheres no mesmo shopping em que abordou a médica. Solto e frio a ponto de matar uma mãe na frente de sua filha pequena.

Também me sinto enganada em relação à gripe suína. Acreditei nas estatísticas divulgadas pelas autoridades de saúde. Elas diziam - e ainda dizem - que a nova gripe é semelhante à comum em número de pessoas contaminadas e mortes. Agora, o que vejo são medicos desesperados porque os hospitais e pronto-socorros não conseguem atender todo mundo que chega doente. E eles, os médicos e as autoridades de saúde, ainda não sabem explicar porque a nova gripe atinge com força pessoas jovens e grávidas, muitas grávidas.

Estão assustados, como quase todo mundo, apesar das estatísticas que gostam de divulgar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

República

É irritante, nojento, tudo de ruim que possa existir. Renan Calheiros (PMDB-AL) está, neste momento, lavando roupa suja do Senado. O "nobre" parlamentar fala ao vivo, em sessão transmitida pela emissora oficial da Casa. É nojento o que ele relata, são nojentos os motivos que o levam a denunciar outro senador e é nojenta a figura do ex-aliado de Collor, depois de FHC e agora de Lula.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Como pode?

O relato de uma amiga sobre a morte de Jacqueline Ruas, 15 anos, na volta da Disney, é tão impressionante que só uma coisa a fazer depois dele: proibir a empresa de turismo de continuar levando crianças e adolescentes sem os pais para os EUA.

Jacqueline passou mal durante uma semana, não conseguia andar na Disney, na escala do Panamá precisou de uma cadeira de rodas, dormia o tempo todo e, no avião, tinha dificuldade para abrir os olhos ao ser chamada pelas amigas, todas recém-saídas da infância.

Para completar, ainda foi carregada pelos pés e braços depois de morta, passou pelo corredor desse jeito na frente de centenas de crianças e adolescentes que choravam sem parar.

Absurdo, absurdo, absurdo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O coração de Heraldo

Morreu em Bauru o cirurgião-dentista Heraldo Riehl, especialista em dentística, um pesquisador do clareamento dental. Heraldo, que estava com 40 anos, tinha um coração transplantado desde 2003, quando passou 47 dias na UTI à espera de um doador. Era considerado um caso bem sucedido de transplante: chegou a ser campeão de tênis com o coração novo e trabalhava normalmente. Tinha três filhos, meninos ainda pequenos. Uma pena o coração dele não ter resistido mais tempo. Ele era um exemplo de que a vida pode recomeçar.

A gripe e os jornalistas

Tenho lido e ouvido muitas críticas à imprensa por causa da divulgação da gripe suína. Jornalistas são chamados de alarmistas, sensacionalistas, etc. Há quem acredite que a nova gripe seja divulgada, em manchetes, só para vender jornal. Como se repórteres ficassem nas redações calculando quanto uma notícia vai render em dinheiro... Juro que não é assim.

Não sou do tipo apavorada com a nova gripe e já li dezenas de estatísticas mostrando que ela mata tanto quanto a gripe normal, chamada pelos médicos de sazonal. Também já entrevistei profissionais de saúde dizendo que a gripe suína chama mais a atenção porque é monitorada diariamente pela imprensa, o que não acontece com a outra. Faz sentido.

Mas também vejo médicos especialistas cada dia mais preocupados. Porque a gripe avança, isso não dá para negar. E causa mortes no mínimo estranhas, de gente bem jovem. Sim, a maioria tem alguma outra doença de base, mas são pessoas muito novas. No caso da primeira morte registrada em Bauru, a vítima é uma moça de 22 anos. Era diabética, mas quantas pessoas diabéticas não estão por aí, levando a vida normalmente? Outra coisa: eu nunca tinha ouvido falar que gripe mata grávidas. Alguém já tinha?

Enfim, trata-se de uma doença que ainda não parece bem compreendida, inclusive pela classe médica. Autoridades de saúde pedem calma, mas ao mesmo tempo recomendam que hospitais ou postos de saúde sejam procurados se os sintomas aparecerem. A gripe suína é tratada oficialmente como semelhante à gripe normal, mas o Ministério da Saúde dedica quase todo o seu site para combatê-la e desenvolveu uma campanha institucional. Não é para entrar em pânico, mas as aulas foram suspensas em todo o Estado por recomendação do governo estadual.

Não são os jornalistas que criam uma situação surreal, a coisa está esquisita mesmo.