segunda-feira, 8 de junho de 2009

Peso nos ombros

A imagem que fixei na memória da tragédia do voo 447 não é do imenso oceano, de pedaços do avião ou de fotos das vítimas. Desde ontem à noite, penso em Regina Casé toda que vez que leio, ouço ou vejo algo sobre o acidente.

Regina Casé estreou no Fantástico mais um de seus incríveis quadros que misturam reportagem, ficção e entretenimento. Ela tem enorme talento para traduzir em linguagem televisiva o que o povo fala e pensa. O novo quadro mostra as modas populares, dos tipos de cabelo às comidas que todo mundo vai experimentar.

A atriz e apresentadora estava no estúdio, ao vivo, para ancorar o novo quadro. Foi chamada logo após uma reportagem sobre o encontro dos primeiros corpos. Ouviu uma mãe entre lágrimas dizendo que, diante do sofrimento provocado pelo resgate de corpos boiando dias após o acidente, preferia a filha onde estava, no fundo do mar.

Quando a câmera focou Regina, ela estava menor, com ar sofrido e um enorme peso nos ombros. Deu para notar os braços caídos e as sombrancelhas tristes. Profissional experiente, driblou a armadilha de ter sido escalada para falar de humor logo depois de uma notícia tão pesada. Para mim, ficou a imagem do abatimento.

Parentes de passageiros do voo 447 narram cenas de desespero na hora em que chegou a informação sobre o encontro dos corpos. A morte ficou real, foi materializada, não dá mais para acreditar em sobreviventes esperando ajuda em ilhas remotas.

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