quarta-feira, 24 de junho de 2009

As árvores

Bauru tem uma lei que permite a imunização de árvores contra o corte. Tombadas pelo patrimônio ambiental, elas têm a integridade preservada. Quem se atrever a desobedecer comete crime e fica sujeito inclusive à detenção.

Em 2007 fui pautada para uma matéria com a história de três árvores recém-tombadas. Gostei da idéia, mas me preparei para um dia inteiro de peregrinação em busca de personagens. Me vi batendo nas casas, abordando as pessoas na rua, implorando entrevistas sobre suas relações com as árvores imunizadas.

Estava enganada.

Em minutos encontrei pessoas dispostas a contar suas histórias com as três árvores. Todas interessantes, até poéticas. E fui obrigada a constatar uma triste realidade: eu pouco olho para as árvores no meio do caminho, só percebi a beleza de algumas delas por causa da matéria.

Uma das imunizadas tem o nome de guapuruvu, uma altura impressionante e fica no Jardim da Grama, periferia de Bauru. Eu nem sabia que existiam árvores tão altas em plena zona urbana. Fiquei olhando, surpresa. O guapuruvu já havia sido alvo de uma vizinha infeliz, insatisfeita com as folhas caídas na calçada. Ela tentava derrubar a linda árvore. E as crianças do bairro reagiam, até com pedradas no portão da mulher. Ela achou melhor ir embora, para ficar longe dos moleques e do guapuruvu. Sorte de todo mundo.

Dia desses, encontrei novos amantes de árvores. O Mary Dota é um dos bairros menos arborizados da cidade. Foi planejado com calçadas estreitas, o que dificulta o plantio. Mas lá no bairro tem uma rua em que quase todos os vizinhos são plantadores. Eles moram em frente a uma área verde, que reflorestam por conta própria. Têm uma relação de amor por cada muda plantada, regada e admirada.

Está nessa rua um pau-Brasil ainda pequeno, plantado há três anos. É uma das mais novas árvores tombadas da cidade. Tata, a responsável pelo plantio, sonhava com a espécie tão relacionada à história do país. Agora só quer ver sua árvore crescer bonita e em paz.

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