segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dilma

O câncer que a ministra Dilma Rousseff enfrenta é do mesmo tipo sofrido pelo ex-prefeito Tuga Angerami, no final da década de 70, antes do início de sua carreira política. Tuga passou por cirurgia e fez um ano e meio de quimioterapia. Ficou curado. Quase 30 anos depois, na reta final de seu segundo mandato, precisou enfrentar outro câncer, na próstata, desta vez mais brando. Fez cirurgia e foi considerado curado novamente, desta vez sem quimio.

Escrevo isso porque acho intrigante as reações à doença. Os médicos foram claros ao informar que o tumor da presidendiável foi descoberto no início e que as chances de cura são de 90%. Ela tirou o tumor e agora faz quimioterapia preventiva. Apareceu disposta, forte como sempre e até mais humorada. Disse que não vai parar de trabalhar - trabalhou até mesmo no dia da cirurgia.

Mesmo assim, já existem especulações sobre um afastamento da campanha presidencial, que ela nem assumiu ainda, apesar de ser declaradamente a candidata do presidente Lula. Já tem gente falando em nomes para substituir Dilma, como se ela estivesse fora de combate.

O certo é que a partir de agora a ministra enfrentará, para o resto da vida, as especulações sobre a doença.

Aconteceu com Tuga. Mesmo curado do câncer linfático da juventude, ele conviveu com boatos sobre a volta da doença durante toda sua trajetória política. Adversários usaram o fato para tentar derrotá-lo mais de uma vez. Gente especializada espalhou informações equivocadas. Gente mal informada ajudou a espalhar versões até engraçadas.

Uma vez ouvi que Tuga administrava Bauru com uma equipe médica ao lado, que no Palácio das Cerejeiras fora instalada uma mini-UTI para emergências e até que ele passava boa parte do tempo deitado numa maca.

Sim, ele foi um prefeito distante da população, fechado no gabinete, mas não por causa do estado de saúde e sim pelo estado de ânimo.

Admirei a transparência de Dilma. Foi à TV e contou tudo sobre a doença e o que vai enfrentar nos próximos meses. Muita gente do próprio PT soube junto com a população. É a postura correta para uma mulher de vida pública. Talvez seja uma característica feminina, pois já vi vários homens públicos tentando esconder seus problemas de saúde, talvez por medo da repercussão e da possibilidade de perder votos.

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