A morte do deputado federal João Herrmann Neto (PDT), na madrugada do domingo de Páscoa, assustou todo mundo que conhecia o parlamentar e usineiro.
Porque Herrmann era um homem alto, forte, extremamente disposto. Parecia muito saudável. É difícil entender como um choque térmico na saída de uma sauna provoca um edema pulmonar agudo e a morte. Eu nunca tinha ouvido falar disso, mas foi isso que aconteceu.
Há dois anos eu e a fotógrafa Juliana Lobato passamos uma manhã na usina de Herrmann, no distrito de Guaricanga, em Presidente Alves. A matéria era sobre etanol e o usineiro, naquela época sem mandato, mostrou toda a cadeia de produção de sua propriedade.
Isso significou entrar na usina, subir escadas perigosas, descer, subir de novo, uma maratona cansativa. Pelo menos para nós duas. Teve uma hora em que eu não queria ver mais nada. Não aguentava mais aquelas escadas, algumas de dar medo. Mas ele não deu a menor chance de desistência. Tivemos que subir e descer e ouvir as explicações sem fim sobre a produção de etanol. Herrmann não perdeu o fôlego.
Um dos funcionários mais antigos dele confidenciou: o patrão adorava mostrar essa usina. Adorava política também e, sempre que podia, falava sem parar sobre o assunto. Atualmente, dizia estar desgostoso com o vazio ideológico do Congresso Nacional.
Após ver todas as etapas da produção do etanol, Herrmann fez eu e a Juliana subirmos na caminhonete dele e percorrer a fazenda para ver a plantação de cana. Teve uma hora em que o veículo ficou à beira de um barranco. Deu medo de novo. Em nós duas, não nele. O usineiro manobrou e deu um jeito de sair dali.
Em março deste ano, fui cobrir a inauguração do escritório político do deputado em Bauru. Achei impressionante o número de pessoas presentes e o requinte do evento - não muito comum por aqui. Mas a cena mais marcante foi de Rodrigo, 10 anos, o filho mais novo. O menino acompanhou todo o evento agarrado aos braços do pai, até na hora do discurso. Eram muito apegados, contam os amigos.
Ontem, infelizmente fiquei perto de Rodrigo enquanto ele e a mãe esperavam o corpo de Herrmann ser preparado para o velório e enterro em Campinas. Muito triste.
O deputado gostava muito de falar sobre sua longa amizade com o presidente Lula e outras autoridades do governo federal. Acho que até exagerava. Hoje, pensando bem, imagino que ele vivia um momento realmente difícil para um político que acreditava na ideologia e queria convencer com argumentos e informações. Deve ter falado sozinho muitas e muitas vezes.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
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Um comentário:
cris
Bom texto.
Falta espaço nos jornais para textos assim, com registros mais pessoais.
Gosto muito disso e é o que procuro fazer lá no www.mafuadohpa.blogspot.com
abracitos
Henrique
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