terça-feira, 17 de março de 2009

Dois casos

Por que as pessoas precisam ser cobradas, com insistência, para fazer coisas simples, que estão ao alcance da mão? Há tempos tenho essa impressão. O ser humano só funciona ao ser pressionado, caso contrário deixa tudo do jeito que está.

O prédio onde moro está em obras. Hoje de manhã o pintor tirou a rede de proteção para entrar e trabalhar na sacada do meu apartamento. Depois, foi embora e deixou a rede praticamente solta.

As argolas que garantem a eficácia do equipamento ficaram semi-abertas. Qualquer criança poderia ir lá e retirar a rede. Como tenho duas crianças, entrei em semi-desespero.

Por sorte, os responsáveis pela reforma estavam no prédio para uma reunião. Fui lá e expliquei o problema, mais de uma vez. Eles diziam que as redes serão trocadas depois da reforma. Eu alegava que não poderia esperar, precisava que pelo menos apertassem as tais argolas.

Diante da insistência - e com as duas crianças ao lado - consegui que fossem ao apartamento e apertassem as argolas usando um alicate. Simples, trabalho de dez minutos e que pode evitar um acidente grave. Mas porque não tomam essa providência sem ninguém precisar reclamar?

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Hoje os jornais de Bauru relatam outro episódio de cobrança, esse público e constrangedor. Ontem, na sessão da Câmara, o vereador Marcelo Borges (PSDB) precisou ter a atenção chamada por Roque Ferreira (PT) para que não ficasse de costas e conversando enquanto um colega estava na tribuna. Dizem que Marcelo ficou muito sem graça.

A Câmara de Bauru é assim - poucos prestam atenção no que o outro está dizendo. Já vi muito vereador discursar na tribuna enquanto no plenário o barulho é gigante. Já vi também parlamentar não saber sequer o que é debatido.

A bronca de Roque chamou a atenção para um absurdo que acontece faz tempo. Marcelo foi o protagonista neste caso, mas nem de longe é o único a não prestar atenção nos próprios colegas. Até jornalistas conversam fora de hora, preciso admitir.

Será que a vaidade, exacerbada entre políticos e também entre jornalistas, faz com que cada um só preste atenção a si mesmo?

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