segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Onde estão os fondans?

Mais ou menos aos dez anos comecei a achar que tinha direito a tudo. Queria ir na baladinha (tinha outro nome, não lembro agora) dos adolescentes, ignorava a proibição de idade nos cinemas e comecei namorar aos 12...

Claro, nem tudo foram flores. Minha mãe nem cogitou a possibilidade de minha presença nas tais baladinhas. Pelo menos não antes dos 15, 16, por aí. No cinema, uma dia fui barrada por causa da tal (pouca) idade. Fiquei revoltada, mas não teve jeito, precisei voltar para casa. E os namoros eram escondidos - são os melhores, acho isso até hoje.

Mas marcante mesmo foi o Carnaval dos meus 13 anos. A regra era: só podia ir ao baile noturno quem tivesse chegado aos 14. Naquele ano, eu e uma prima estávamos loucas para pular as quatro noites. A irmã dela, um ano mais velha, foi liberada para a festa. Uma amiga minha, da mesma idade, tinha mãe mais liberal e também arrumou a fantasia... Quase todos os adultos da família iriam - esperavam muito por aqueles dias, como o Carnaval era bom!

Só sobramos eu e a prima. Lutamos até o fim, preciso dizer, fomos guerreiras! Não adiantou nada, não conseguimos convencer quem precisava ser convencido.

Minha irmã faz aniversário dia 14 de fevereiro e naquele ano o Carnaval era nesta data. Teve festa, todos foram e, depois do parabéns, saíram para dar uma descansadinha antes do baile, fazer a maquiagem, se preparar para dançar a noite inteira...

Imaginam o que foi para as duas abandonadas sentir todo esse clima e não poder aproveitar de verdade...

Eu e a prima, ainda meninas, encontramos uma solução bem doce. Pegamos uma bandeja de fondans, sentamos na sarjeta e soterramos ali nossa mágoa, com muito açúcar e um tanto de afeto.

Onde estão os fondans? Na minha adolescência, era o doce mais esperado. Todo mundo disputava a delícia. Não os vejo mais, saíram de moda?

Vez ou outra, sinto uma grande necessidade de uma bandeja de fondan. Com prazer, sentaria na sarjeta e devoraria um por um.

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