terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Comédia rebelde

Na saída do cinema, ouvi uma garota comentar: "Filminho tosco". Não tem nada de tosco. O filme em questão é "Queime depois de ler", dos irmãos Coen. Sempre achei complicado catalogar obras cinematográficas. Complicado e inútil, aliás, não gosto das catalogações em geral. Não dá para chamar "Queime" de comédia pura e simplesmente. Mas também não dá para negar que algumas cenas são de humor. Humor negro, como já li numa crítica. Comédia rebelde, definiu outro crítico.

Trata-se de uma crítica ácida ao modo de viver norte-americano, cada vez mais neurótico, pelo que a gente pode perceber aqui do outro lado. A personagem de Frances McDormand exala essa neurose. Colocou na cabeça que precisa de "reinventar" para melhorar a vida. Quer fazer quatro plásticas e, para conseguir dinheiro, dispara a engrenagem supostamente esperta que acaba em matança.

Sim, tem algo que admiro na cultura norte-americana. É o fato de a liberdade de expressão ser real e não mera figura de linguagem. No filme, a famosa CIA aparece como uma máquina fria e assassina - e também atrapalhada. É uma cutucada doída, profunda e que está lá com todas as letras, sem sombra de censura.

Ainda não sei se isso seria possível em terras tropicais.

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