sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Fundo do poço

Chorei muito hoje de manhã ao ver mais um depoimento do pai do garoto João Roberto, morto aos 3 anos no carro da mãe, metralhado por engano por policiais do Rio de Janeiro. O taxista está inconformado desde a noite do crime, no meio do ano. Ao contrário de outros pais que às vezes aparecem na TV falando tranquilamente sobre as mortes dos próprios filhos, ele chora, se despera, grita, parece inconsolável.

No programa de Ana Maria Braga, falou sobre o pesadelo de qualquer pai ou mãe: como passará o Natal sem o filho? Como enfrentar tantas datas simbólicas com a dor de perder uma criança assassinada?

Vejo, na Grécia, multidões de jovens protestando há vários dias por causa de um adolescente baleado pela polícia. Aqui acontece o contrário. O policial que atirou no menino João Roberto foi absolvido por juri popular. Pessoas do povo, que provavelmente são favoráveis à polícia que primeiro atira e depois pergunta.

Chegamos ao fundo do poço. Até as mortes brutais de crianças começam a ser justificadas.

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