Tem momentos em que sinto valer a pena ser jornalista e enfrentar os plantões [como este de Ano Novo], as disputas das redações, os resmungos tão comuns de repórteres e editores, os horários malucos, a overdose de café, etc.
Agora é um desses momentos.
Acabei de ler a retrospectiva do BOM DIA Bauru e lá está, na capa, a história de Thiago, 2 anos, um dos personagens de matérias que assinei este ano.
Thiago é vítima da síndrome do meio coração, já fez três cirurgias, tem a saúde frágil, mas resiste com uma carinha de sapeca e uma risada bem gostosa. Este ano enfrentou mais uma batalha - tema de minha matéria.
Foi matriculado numa escola particular, por indicação dos profissionais de saúde que cuidam dele. Acreditam que, no meio de outros crianças, teria mais motivação para andar [ele se locomove a maior parte do tempo numa motoca] e se desenvolver.
A direção da escola aceitou Thiago mas, após duas ou três manhãs de choro, desistiu de tentar incluí-lo e pediu para que fosse levado embora. A mãe levou, chocada e muito triste. Contou o fato em seu orkut, eu li e fiz a matéria.
Outra escola, com direção bem mais humana, teve acesso ao texto. A diretora ficou comovida, entrou em contato e fez questão de matricular o pequeno Thiago.
Hoje, na retrospectiva, a mãe conta que o menino ficou mais sociável e até come melhor depois que começou ir à escola. Acredita até que a melhora no coração dele tem relação com isso. Pode ter coisa mais gratificante?
Fiquei com lágrimas nos olhos e encontrei um bocado de disposição para continuar nessa vida de repórter.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Estranho
Para mim, é incompreensível. Por que alguém com a vida pela frente, cheia de oportunidades, com tantas possibilidades de diversão, o mundo para conhecer bebe e/ou se droga até morrer? Nunca vou entender isso.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Natal da Turma da Mônica
Quem foi criança nos anos 70 não esquece o Natal da Turma da Mônica, desenho que passava em dezembro inteiro e dava o clima de festa típico do fim de ano. Uma delícia. Agora tem o youtube para a gente matar a saudade e tentar reviver aquela felicidade. É muito legal.
A despedida
Ao falar na tribuna da Câmara ontem à noite, na solenidade de diplomação dos eleitos este ano, o prefeito de Bauru, Tuga Angerami (sem partido), ofereceu à cidade o melhor de sua longa trajetória política: um discurso claro, emocionado, em que ao mesmo tempo fez um balanço de sua administração e um resumo do que Rodrigo Agostinho (PMDB) encontrará pela frente.
Tuga comparou ele mesmo hoje, em seu segundo mandato, com o Tuga de 30 anos atrás, um jovem político inconformado, rebelde diante dos velhos coronéis da política nacional e até revolucionário ao descentralizar a saúde, a cultura e a educação.
Para Rodrigo, lançou palavras de admiração, de homem público no final da carreira que olha para o novo e faz uma viagem ao passado.
Foi um momento bonito - e raro - da política.
O atual prefeito também aproveitou para pedir compreensão e apoio à nova administração. Falou sobre a disposição de Rodrigo para a vida pública, de sua dedicação e vontade de realizar. Ao mesmo tempo, lembrou que não será fácil cumprir as promessas, citou a crise econômica mundial e a necessidade de clima pacífico na cidade.
"Poupem o jovem prefeito", pediu, numa frase marcante.
O discurso de Tuga teve a sorte de ser feito num dia em que, após longos anos, a cidade conseguiu o CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária), documento que faltava para voltar a receber verbas federais e ser inserida no boom de desenvolvimento lulista e que o governo federal pretende manter mesmo com a crise global.
Ali, emocionado, falando daquele jeito e diante de um prefeito eleito jovem, animado e que gosta do contato popular, Tuga conseguiu dar uma dimensão histórica a seu segundo mandato como prefeito.
Ele foi o político experiente que teve a calma e a coragem suficiente para "arrumar a casa", pagar as contas e abrir as portas para o novo. Este encontrará uma situação privilegiada, mesmo com a crise, mesmo com o secretariado que frustra expectativas, mesmo com o fato de Bauru ainda ser uma cidade bastante pobre.
O que será para sempre difícil compreender é porque o prefeito que se despede não usou como poderia seu grante talento retórico e seu carisma nos últimos quatro anos.
A população continuaria a reclamar da falta de obras, das ruas esburacadas, do atendimento precário na saúde e dos bairros sem asfalto. Mas, com Tuga mais presente, seria também mais fácil entender a decisão de sanear as finanças primeiro para depois entregar a prefeitura a um jovem político ousado.
A opção pelo silêncio a maior parte do tempo foi cruel com o próprio prefeito - e ele parece saber disso.
Tuga comparou ele mesmo hoje, em seu segundo mandato, com o Tuga de 30 anos atrás, um jovem político inconformado, rebelde diante dos velhos coronéis da política nacional e até revolucionário ao descentralizar a saúde, a cultura e a educação.
Para Rodrigo, lançou palavras de admiração, de homem público no final da carreira que olha para o novo e faz uma viagem ao passado.
Foi um momento bonito - e raro - da política.
O atual prefeito também aproveitou para pedir compreensão e apoio à nova administração. Falou sobre a disposição de Rodrigo para a vida pública, de sua dedicação e vontade de realizar. Ao mesmo tempo, lembrou que não será fácil cumprir as promessas, citou a crise econômica mundial e a necessidade de clima pacífico na cidade.
"Poupem o jovem prefeito", pediu, numa frase marcante.
O discurso de Tuga teve a sorte de ser feito num dia em que, após longos anos, a cidade conseguiu o CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária), documento que faltava para voltar a receber verbas federais e ser inserida no boom de desenvolvimento lulista e que o governo federal pretende manter mesmo com a crise global.
Ali, emocionado, falando daquele jeito e diante de um prefeito eleito jovem, animado e que gosta do contato popular, Tuga conseguiu dar uma dimensão histórica a seu segundo mandato como prefeito.
Ele foi o político experiente que teve a calma e a coragem suficiente para "arrumar a casa", pagar as contas e abrir as portas para o novo. Este encontrará uma situação privilegiada, mesmo com a crise, mesmo com o secretariado que frustra expectativas, mesmo com o fato de Bauru ainda ser uma cidade bastante pobre.
O que será para sempre difícil compreender é porque o prefeito que se despede não usou como poderia seu grante talento retórico e seu carisma nos últimos quatro anos.
A população continuaria a reclamar da falta de obras, das ruas esburacadas, do atendimento precário na saúde e dos bairros sem asfalto. Mas, com Tuga mais presente, seria também mais fácil entender a decisão de sanear as finanças primeiro para depois entregar a prefeitura a um jovem político ousado.
A opção pelo silêncio a maior parte do tempo foi cruel com o próprio prefeito - e ele parece saber disso.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Comédia rebelde
Na saída do cinema, ouvi uma garota comentar: "Filminho tosco". Não tem nada de tosco. O filme em questão é "Queime depois de ler", dos irmãos Coen. Sempre achei complicado catalogar obras cinematográficas. Complicado e inútil, aliás, não gosto das catalogações em geral. Não dá para chamar "Queime" de comédia pura e simplesmente. Mas também não dá para negar que algumas cenas são de humor. Humor negro, como já li numa crítica. Comédia rebelde, definiu outro crítico.
Trata-se de uma crítica ácida ao modo de viver norte-americano, cada vez mais neurótico, pelo que a gente pode perceber aqui do outro lado. A personagem de Frances McDormand exala essa neurose. Colocou na cabeça que precisa de "reinventar" para melhorar a vida. Quer fazer quatro plásticas e, para conseguir dinheiro, dispara a engrenagem supostamente esperta que acaba em matança.
Sim, tem algo que admiro na cultura norte-americana. É o fato de a liberdade de expressão ser real e não mera figura de linguagem. No filme, a famosa CIA aparece como uma máquina fria e assassina - e também atrapalhada. É uma cutucada doída, profunda e que está lá com todas as letras, sem sombra de censura.
Ainda não sei se isso seria possível em terras tropicais.
Trata-se de uma crítica ácida ao modo de viver norte-americano, cada vez mais neurótico, pelo que a gente pode perceber aqui do outro lado. A personagem de Frances McDormand exala essa neurose. Colocou na cabeça que precisa de "reinventar" para melhorar a vida. Quer fazer quatro plásticas e, para conseguir dinheiro, dispara a engrenagem supostamente esperta que acaba em matança.
Sim, tem algo que admiro na cultura norte-americana. É o fato de a liberdade de expressão ser real e não mera figura de linguagem. No filme, a famosa CIA aparece como uma máquina fria e assassina - e também atrapalhada. É uma cutucada doída, profunda e que está lá com todas as letras, sem sombra de censura.
Ainda não sei se isso seria possível em terras tropicais.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Nem eles aguentam
É quase inacreditável. Acontece neste momento a última sessão legislativa do ano na Câmara de Vereadores de Bauru. Só três dos 15 parlamentares voltam ano que vem. Alguns porque não disputaram a reeleição e outros porque perderam nas urnas. Acompanho a sessão pela TV e vejo uma cena já bem conhecida: vereadores discursam, hoje em tom de despedida, e o plenário está vazio. Poucos ouvem os pronunciamentos dos próprios colegas.
A impressão é que nem os políticos aguentam mais os políticos. Não há justificativa para que não façam um esforço e permaneçam em plenário pelo menos durante algumas horas, uma vez por semana.
Se eles estão cansados deles mesmos, imagine a população... O resultado das urnas não poderia ser outro: 80% de renovação. No mínimo a próxima formação do Legislativo chega sem o descaso demonstrado pela atual. Pelo menos nos primeiros meses.
A impressão é que nem os políticos aguentam mais os políticos. Não há justificativa para que não façam um esforço e permaneçam em plenário pelo menos durante algumas horas, uma vez por semana.
Se eles estão cansados deles mesmos, imagine a população... O resultado das urnas não poderia ser outro: 80% de renovação. No mínimo a próxima formação do Legislativo chega sem o descaso demonstrado pela atual. Pelo menos nos primeiros meses.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Madonna
O que significa os jornalistas de TV aparecerem toda hora, ao vivo, na frente do hotel onde está hospedada Madonna e darem sempre as mesmas informações: a cantora chegou discreta, está com os três filhos no Copacabana Palace, dorme na suíte presidencial e exigiu a adaptação de um salão para academia de ginástica, com cordas nas paredes. E tem também as filas em frente ao local do show, que misturam gente de todas as regiões do país.
Se não tem nenhuma novidade para contar, por que entrar ao vivo toda hora? Será que não há exagero na cobertura "baba ovo"? Ou não?
Se não tem nenhuma novidade para contar, por que entrar ao vivo toda hora? Será que não há exagero na cobertura "baba ovo"? Ou não?
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Fundo do poço
Chorei muito hoje de manhã ao ver mais um depoimento do pai do garoto João Roberto, morto aos 3 anos no carro da mãe, metralhado por engano por policiais do Rio de Janeiro. O taxista está inconformado desde a noite do crime, no meio do ano. Ao contrário de outros pais que às vezes aparecem na TV falando tranquilamente sobre as mortes dos próprios filhos, ele chora, se despera, grita, parece inconsolável.
No programa de Ana Maria Braga, falou sobre o pesadelo de qualquer pai ou mãe: como passará o Natal sem o filho? Como enfrentar tantas datas simbólicas com a dor de perder uma criança assassinada?
Vejo, na Grécia, multidões de jovens protestando há vários dias por causa de um adolescente baleado pela polícia. Aqui acontece o contrário. O policial que atirou no menino João Roberto foi absolvido por juri popular. Pessoas do povo, que provavelmente são favoráveis à polícia que primeiro atira e depois pergunta.
Chegamos ao fundo do poço. Até as mortes brutais de crianças começam a ser justificadas.
No programa de Ana Maria Braga, falou sobre o pesadelo de qualquer pai ou mãe: como passará o Natal sem o filho? Como enfrentar tantas datas simbólicas com a dor de perder uma criança assassinada?
Vejo, na Grécia, multidões de jovens protestando há vários dias por causa de um adolescente baleado pela polícia. Aqui acontece o contrário. O policial que atirou no menino João Roberto foi absolvido por juri popular. Pessoas do povo, que provavelmente são favoráveis à polícia que primeiro atira e depois pergunta.
Chegamos ao fundo do poço. Até as mortes brutais de crianças começam a ser justificadas.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Javier, Javier
Adoro quase tudo de Woody Allen. Mãe de duas crianças, no entanto, consigo ir poucas vezes por ano ao cinema. E vejo poucos dvds também. Ontem, com os dois filhos em viagem de férias, pude assistir "Vicky Cristina Barcelona". No cinema!!! Muito bom.
A história das duas americanas em viagem a Barcelona segue morna, no início do filme. Até que aparece Javier Bardem. Eu só pensei, mas uma moça sentada ao lado falou: "Nossa!!!"
O filme não é só Javier, claro. Tem também Penélope Cruz, no papel de uma artista plástica passional e enlouquecida. Os dois vivem uma história de amor tempestuosa, quente, irresistível.
A personagem de Penélope e as duas americanas em viagem pela Espanha dizem muito sobre a mulher atual. Uma das americanas é a moça organizada, que investe em estudos, planeja o casamento, a casa em que vai morar, tudo. Até encontrar Javier... A outra não sabe o que quer, só o que não quer. Diz buscar algo diferente e é insegura. Nada para ela dura muito tempo. Já a artista interpretada por Penépole é a mulher que não tem medo de protagonizar escândalos, ameaça matar o ex-marido mas o coloca no colo, vai e volta, transpira paixão.
Me reconheço em todas.
A história das duas americanas em viagem a Barcelona segue morna, no início do filme. Até que aparece Javier Bardem. Eu só pensei, mas uma moça sentada ao lado falou: "Nossa!!!"
O filme não é só Javier, claro. Tem também Penélope Cruz, no papel de uma artista plástica passional e enlouquecida. Os dois vivem uma história de amor tempestuosa, quente, irresistível.
A personagem de Penélope e as duas americanas em viagem pela Espanha dizem muito sobre a mulher atual. Uma das americanas é a moça organizada, que investe em estudos, planeja o casamento, a casa em que vai morar, tudo. Até encontrar Javier... A outra não sabe o que quer, só o que não quer. Diz buscar algo diferente e é insegura. Nada para ela dura muito tempo. Já a artista interpretada por Penépole é a mulher que não tem medo de protagonizar escândalos, ameaça matar o ex-marido mas o coloca no colo, vai e volta, transpira paixão.
Me reconheço em todas.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Caixinha
Jorge da Cunha Lima tem uma boa explicação para a estranheza do público diante das adaptações de obras literárias feitas por Luiz Fernando Carvalho para a TV. Na opinião dele, o público das oito está acostumado ao "explícito banal". Jorge define "Capitu", minissérie que estreou ontem na Globo, como "caixinha de brinquedos, cheia de amor e de palavras",
Médicos vândalos
Tem razão o reitor da UEL (Universidade Estadual de Londrina). A instituição precisa avaliar profundamente o que acontece no curso de medicina que mantém. Segundo o próprio reitor, o episódio da invasão do pronto-socorro, com direito a rojão, para comemorar o final do curso não é o primeiro que vincula futuros médicos a cenas de violência. O que essa gente aprende na faculdade para terminar o curso com um episódio tão revoltante como esse?
Os farristas que desrespeitaram os próprios pacientes devem estar agora com muito medo de perder o diploma, que ainda nem receberam. Infelizmente, não acredito que isso realmente acontecerá. Acho que eles receberão alguma espécie de punição, terão que suspender as festas, mas vão virar médicos mesmo - apesar de não merecerem.
Gostaria muito de ter acesso aos nomes de um por um dos invasores do PS. Guardaria todos, num arquivo, para consultar de vez em quando. E nunca, mas nunca mesmo marcar consulta com algum desses vândalos.
Os farristas que desrespeitaram os próprios pacientes devem estar agora com muito medo de perder o diploma, que ainda nem receberam. Infelizmente, não acredito que isso realmente acontecerá. Acho que eles receberão alguma espécie de punição, terão que suspender as festas, mas vão virar médicos mesmo - apesar de não merecerem.
Gostaria muito de ter acesso aos nomes de um por um dos invasores do PS. Guardaria todos, num arquivo, para consultar de vez em quando. E nunca, mas nunca mesmo marcar consulta com algum desses vândalos.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Onde estão os fondans?
Mais ou menos aos dez anos comecei a achar que tinha direito a tudo. Queria ir na baladinha (tinha outro nome, não lembro agora) dos adolescentes, ignorava a proibição de idade nos cinemas e comecei namorar aos 12...
Claro, nem tudo foram flores. Minha mãe nem cogitou a possibilidade de minha presença nas tais baladinhas. Pelo menos não antes dos 15, 16, por aí. No cinema, uma dia fui barrada por causa da tal (pouca) idade. Fiquei revoltada, mas não teve jeito, precisei voltar para casa. E os namoros eram escondidos - são os melhores, acho isso até hoje.
Mas marcante mesmo foi o Carnaval dos meus 13 anos. A regra era: só podia ir ao baile noturno quem tivesse chegado aos 14. Naquele ano, eu e uma prima estávamos loucas para pular as quatro noites. A irmã dela, um ano mais velha, foi liberada para a festa. Uma amiga minha, da mesma idade, tinha mãe mais liberal e também arrumou a fantasia... Quase todos os adultos da família iriam - esperavam muito por aqueles dias, como o Carnaval era bom!
Só sobramos eu e a prima. Lutamos até o fim, preciso dizer, fomos guerreiras! Não adiantou nada, não conseguimos convencer quem precisava ser convencido.
Minha irmã faz aniversário dia 14 de fevereiro e naquele ano o Carnaval era nesta data. Teve festa, todos foram e, depois do parabéns, saíram para dar uma descansadinha antes do baile, fazer a maquiagem, se preparar para dançar a noite inteira...
Imaginam o que foi para as duas abandonadas sentir todo esse clima e não poder aproveitar de verdade...
Eu e a prima, ainda meninas, encontramos uma solução bem doce. Pegamos uma bandeja de fondans, sentamos na sarjeta e soterramos ali nossa mágoa, com muito açúcar e um tanto de afeto.
Onde estão os fondans? Na minha adolescência, era o doce mais esperado. Todo mundo disputava a delícia. Não os vejo mais, saíram de moda?
Vez ou outra, sinto uma grande necessidade de uma bandeja de fondan. Com prazer, sentaria na sarjeta e devoraria um por um.
Claro, nem tudo foram flores. Minha mãe nem cogitou a possibilidade de minha presença nas tais baladinhas. Pelo menos não antes dos 15, 16, por aí. No cinema, uma dia fui barrada por causa da tal (pouca) idade. Fiquei revoltada, mas não teve jeito, precisei voltar para casa. E os namoros eram escondidos - são os melhores, acho isso até hoje.
Mas marcante mesmo foi o Carnaval dos meus 13 anos. A regra era: só podia ir ao baile noturno quem tivesse chegado aos 14. Naquele ano, eu e uma prima estávamos loucas para pular as quatro noites. A irmã dela, um ano mais velha, foi liberada para a festa. Uma amiga minha, da mesma idade, tinha mãe mais liberal e também arrumou a fantasia... Quase todos os adultos da família iriam - esperavam muito por aqueles dias, como o Carnaval era bom!
Só sobramos eu e a prima. Lutamos até o fim, preciso dizer, fomos guerreiras! Não adiantou nada, não conseguimos convencer quem precisava ser convencido.
Minha irmã faz aniversário dia 14 de fevereiro e naquele ano o Carnaval era nesta data. Teve festa, todos foram e, depois do parabéns, saíram para dar uma descansadinha antes do baile, fazer a maquiagem, se preparar para dançar a noite inteira...
Imaginam o que foi para as duas abandonadas sentir todo esse clima e não poder aproveitar de verdade...
Eu e a prima, ainda meninas, encontramos uma solução bem doce. Pegamos uma bandeja de fondans, sentamos na sarjeta e soterramos ali nossa mágoa, com muito açúcar e um tanto de afeto.
Onde estão os fondans? Na minha adolescência, era o doce mais esperado. Todo mundo disputava a delícia. Não os vejo mais, saíram de moda?
Vez ou outra, sinto uma grande necessidade de uma bandeja de fondan. Com prazer, sentaria na sarjeta e devoraria um por um.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Meio Leila Diniz
Washington Olivetto postou em seu blog um texto bastante interessante sobre publicidade. Ele tem razão. A análise foi feita para o setor publicitário, mas serve para diversos outros. Acho que para todos.
**************
Parece que a Bandeirantes vai mudar a programação no ano que vem. Algumas atrações sairão do ar, para dar lugar a outras. Entre as que devem acabar está o "Atualíssima", programa apresentado pela jornalista Rosana Hermann, do Querido Leitor. O cruel é que Rosana é informada sobre as mudanças pela imprensa e pelos blogs que lê. Acho que todo jornalista já passou por algo parecido. Não é nada bom.
*****************
Hoje Paloma foi pela primeira vez sem pai, mãe ou babá numa festa de aniversário. Deixei ela e Camila, uma amiguinha, na porta do buffet. Todas crianças da classe dela já fazem isso. Mas minha filha demorou para aceitar essa "modernidade". Hoje foi e entrou sem olhar para trás. É muito bom ver os filhos crescerem. Mas confesso: eu queria ser invisível e ficar ali, espiando ela brincar, toda independente.
******************
É bem legal a biografia da Leila Diniz. Ela foi um ícone dos anos 60/70 e é difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar dos feitos da moça carente e ao mesmo tempo desinibida. Na biografia Leila está mais inteira, menos mito. Um exemplo: sim, ela foi a primeira grávida famosa a mostrar a barriga na praia e tinha uma relação livre com o pai da criança, o cineasta Ruy Guerra. Entretanto, como toda mulher sentia falta dele diante das dificuldades de criar uma criança. Como toda mulher.
**************
Parece que a Bandeirantes vai mudar a programação no ano que vem. Algumas atrações sairão do ar, para dar lugar a outras. Entre as que devem acabar está o "Atualíssima", programa apresentado pela jornalista Rosana Hermann, do Querido Leitor. O cruel é que Rosana é informada sobre as mudanças pela imprensa e pelos blogs que lê. Acho que todo jornalista já passou por algo parecido. Não é nada bom.
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Hoje Paloma foi pela primeira vez sem pai, mãe ou babá numa festa de aniversário. Deixei ela e Camila, uma amiguinha, na porta do buffet. Todas crianças da classe dela já fazem isso. Mas minha filha demorou para aceitar essa "modernidade". Hoje foi e entrou sem olhar para trás. É muito bom ver os filhos crescerem. Mas confesso: eu queria ser invisível e ficar ali, espiando ela brincar, toda independente.
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É bem legal a biografia da Leila Diniz. Ela foi um ícone dos anos 60/70 e é difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar dos feitos da moça carente e ao mesmo tempo desinibida. Na biografia Leila está mais inteira, menos mito. Um exemplo: sim, ela foi a primeira grávida famosa a mostrar a barriga na praia e tinha uma relação livre com o pai da criança, o cineasta Ruy Guerra. Entretanto, como toda mulher sentia falta dele diante das dificuldades de criar uma criança. Como toda mulher.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Meio coração
Hoje morreu Ian, o bebê que provocou uma mobilização iniciada pela própria mãe, Marcia, médica veterinária do Rio de Janeiro.
Marcia descobriu, durante a gestão, que o filho tinha a síndrome do meio coração, quando a parte esquerda do órgão não se desenvolve.
Na internet, encontrou outras crianças com o mesmo problema, entre elas Thiago, aqui de Bauru, que foi operado pelo médico José Pedro da Silva e hoje tem quase três anos.
José Pedro, um cardiologista brilhante de São Paulo, não atende por convênios médicos. Mas há a possibilidade de acordos e também de recursos à Justiça para garantir que as crianças sejam operadas.
Marcia precisou lutar bastante para que seu plano de saúde aceitasse fazer o acordo. Ela criou um blog, o Meio Coração, onde relata a trajetória do pequeno Ian. O caso repercutiu, várias matérias jornalísticas foram feitas e a empresa do plano de saúde aceitou pagar o tratamento do bebê, que precisaria de três cirurgias, uma logo após o nascimento.
Marcia e a família comemoraram e Ian nasceu terça-feira, em condições melhores do que as esperadas. Infelizmente, o coração dele, muito frágil, não aguentou. Ele morreu hoje, às 12h30, sem que a mãe sequer visse os olhos abertos do menino.
Conheci a história porque acompanho a vida de Thiago, chamado de pequeno grande guerreiro pela família. Ontem, entrevistei Marcia para uma matéria sobre mães blogueiras e a rede de solidariedade que elas formam. Hoje cheguei para trabalhar e vi o recado sobre o luto no MSN de Adriana, a mãe de Thiago.
É tão triste... E também impressionante. Ontem, no blog, a mãe de Ian pediu orações para o filho, que havia sofrido uma parada cardíaca. Hoje escreveu sobre a morte e disse que ele a fez redescobrir a vida e constatar que a solidariedade existe.
Marcia escreveu poucas horas após a despedida do filho. Recebe sem parar dezenas de manifestações de pesar, desejos de que tenha força para continuar alegre para a filha mais velha, uma menininha chamada Mel.
É também o que espero para a mãe de Ian.
Marcia descobriu, durante a gestão, que o filho tinha a síndrome do meio coração, quando a parte esquerda do órgão não se desenvolve.
Na internet, encontrou outras crianças com o mesmo problema, entre elas Thiago, aqui de Bauru, que foi operado pelo médico José Pedro da Silva e hoje tem quase três anos.
José Pedro, um cardiologista brilhante de São Paulo, não atende por convênios médicos. Mas há a possibilidade de acordos e também de recursos à Justiça para garantir que as crianças sejam operadas.
Marcia precisou lutar bastante para que seu plano de saúde aceitasse fazer o acordo. Ela criou um blog, o Meio Coração, onde relata a trajetória do pequeno Ian. O caso repercutiu, várias matérias jornalísticas foram feitas e a empresa do plano de saúde aceitou pagar o tratamento do bebê, que precisaria de três cirurgias, uma logo após o nascimento.
Marcia e a família comemoraram e Ian nasceu terça-feira, em condições melhores do que as esperadas. Infelizmente, o coração dele, muito frágil, não aguentou. Ele morreu hoje, às 12h30, sem que a mãe sequer visse os olhos abertos do menino.
Conheci a história porque acompanho a vida de Thiago, chamado de pequeno grande guerreiro pela família. Ontem, entrevistei Marcia para uma matéria sobre mães blogueiras e a rede de solidariedade que elas formam. Hoje cheguei para trabalhar e vi o recado sobre o luto no MSN de Adriana, a mãe de Thiago.
É tão triste... E também impressionante. Ontem, no blog, a mãe de Ian pediu orações para o filho, que havia sofrido uma parada cardíaca. Hoje escreveu sobre a morte e disse que ele a fez redescobrir a vida e constatar que a solidariedade existe.
Marcia escreveu poucas horas após a despedida do filho. Recebe sem parar dezenas de manifestações de pesar, desejos de que tenha força para continuar alegre para a filha mais velha, uma menininha chamada Mel.
É também o que espero para a mãe de Ian.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Amar demais
Marília Gabriela, jornalista e atriz, acaba de lançar o livro Eu Que Amo Tanto, sobre mulheres vítimas do amor e que vão "às vias de fato". Praticamente enlouquecem de amor.
Numa das entrevistas que li, Marília diz que seu interesse foi profissional, jornalístico. Não é legal duvidar dos outros, mas sei não... Tenho a impressão que rolou uma identidade com as mulheres que amam tanto.
Tenho a impressão que a jornalista é uma dessas mulheres que precisam estar apaixonadas para viver bem, ser feliz. São muitas as mulheres assim. Conheço várias. Às vezes até estranho eu não ser uma delas.
O amor como doença talvez seja um mal contemporâneo - e feminino. Todo mundo busca o amor, mas as mulheres atuais o fazem de uma forma desesperada. A própria Marília Gabriela procura as pistas.
"Acho que as mulheres têm praticamente uma vocação genética para amar demais", ela diz hoje, em matéria do Estadão. "Foi [amar demais] um momento meu também, a mim serviu de todas as formas" (admite).
Numa das entrevistas que li, Marília diz que seu interesse foi profissional, jornalístico. Não é legal duvidar dos outros, mas sei não... Tenho a impressão que rolou uma identidade com as mulheres que amam tanto.
Tenho a impressão que a jornalista é uma dessas mulheres que precisam estar apaixonadas para viver bem, ser feliz. São muitas as mulheres assim. Conheço várias. Às vezes até estranho eu não ser uma delas.
O amor como doença talvez seja um mal contemporâneo - e feminino. Todo mundo busca o amor, mas as mulheres atuais o fazem de uma forma desesperada. A própria Marília Gabriela procura as pistas.
"Acho que as mulheres têm praticamente uma vocação genética para amar demais", ela diz hoje, em matéria do Estadão. "Foi [amar demais] um momento meu também, a mim serviu de todas as formas" (admite).
Livraria
Bauru é pobre em livrarias. Muito pobre. Por isso quem gosta de ler ou precisa comprar material escolar frequenta a Jalovi. São três lojas. A mais antiga fica no Centro, na Rodrigues Alves, a avenida mais movimentada da cidade. A segunda foi instalada no Altos da Cidade, região nobre. E a terceira funciona no único shopping de Bauru e é a mais bem arrumada.
Infelizmente, nenhuma das três chega aos pés das livrarias de São Paulo e outras grandes cidades. Mas a difereça entre as três é gritante. A Jalovi do shopping é apertada, mas até bonita, com direito a uma pequena área para crianças e café. A do Altos, loja grande, também tem um certo conforto. Já do Centro é um amontoado de livros e material escolar. É calorenta, tem produtos mal distribuídos e sinalizados. Não é exagero chamar o espaço de bagunçado.
Juro que não entendo. Bauru é uma cidade universitária. Por que, então, a tal loja sequer tem concorrente de fato? E por que o dono da Jalovi não investe no seu empreendimento?
A loja do shopping, por exemplo, até tenta ser um pouco mais confortável, mas falta muito... Paloma gosta de livros e das áreas infantis das livrarias. Ela conhece dois ótimos espaços desse tipo: um da Fnac e outro da Cultura, em São Paulo. Em Bauru, é obrigada a sentar no chão enquanto escolhe os livros que vai comprar.
Ah, no chão e embaixo da escada! Isso no shopping, porque na loja do Centro os livros infantis sequer tem lugar adequado.
Infelizmente, nenhuma das três chega aos pés das livrarias de São Paulo e outras grandes cidades. Mas a difereça entre as três é gritante. A Jalovi do shopping é apertada, mas até bonita, com direito a uma pequena área para crianças e café. A do Altos, loja grande, também tem um certo conforto. Já do Centro é um amontoado de livros e material escolar. É calorenta, tem produtos mal distribuídos e sinalizados. Não é exagero chamar o espaço de bagunçado.
Juro que não entendo. Bauru é uma cidade universitária. Por que, então, a tal loja sequer tem concorrente de fato? E por que o dono da Jalovi não investe no seu empreendimento?
A loja do shopping, por exemplo, até tenta ser um pouco mais confortável, mas falta muito... Paloma gosta de livros e das áreas infantis das livrarias. Ela conhece dois ótimos espaços desse tipo: um da Fnac e outro da Cultura, em São Paulo. Em Bauru, é obrigada a sentar no chão enquanto escolhe os livros que vai comprar.
Ah, no chão e embaixo da escada! Isso no shopping, porque na loja do Centro os livros infantis sequer tem lugar adequado.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Mães blogueiras
Márcia, do Rio de Janeiro, conseguiu um acordo com a Golden Cross. O meio coração de seu filho, Ian, poderá ser corrigido pelo cardiologista José Pedro da Silva. Ian nasce amanhã à tarde. Boa sorte, Márcia. Bem vindo, pequeno Ian. Não dá para pensar no nascimento de um bebê, ainda mais em condições tão especiais, sem que as lágrimas apareçam nos olhos.
*************
Cris, de Belo Horizonte, lançou com sucesso o livro "Para Francisco", baseado no blog que ela criou para o filho pequeno. Cris é publicitária e escreve tão bem... Ninguém consegue ler só um post. Os textos são muito emocionantes. Ela tem uma história e tanto para contar.
***************
A vida segue feliz para Márcia Adriana, aqui de Bauru. Ela vive uma experiência incrível. Mãe de Thiago, quase três anos, menino que também nasceu com meio coração, pesquisou até conseguir o melhor atendimento médico para o filho. Hoje Thiago cresce lindo, já vai até para a escola. E agora, na internet, Adriana ajuda outras mães e suas crianças. Criou o site Pequenos Corações e virou um forte ponto de apoio para pais em busca de ajuda para seus filhos.
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Cris, de Belo Horizonte, lançou com sucesso o livro "Para Francisco", baseado no blog que ela criou para o filho pequeno. Cris é publicitária e escreve tão bem... Ninguém consegue ler só um post. Os textos são muito emocionantes. Ela tem uma história e tanto para contar.
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A vida segue feliz para Márcia Adriana, aqui de Bauru. Ela vive uma experiência incrível. Mãe de Thiago, quase três anos, menino que também nasceu com meio coração, pesquisou até conseguir o melhor atendimento médico para o filho. Hoje Thiago cresce lindo, já vai até para a escola. E agora, na internet, Adriana ajuda outras mães e suas crianças. Criou o site Pequenos Corações e virou um forte ponto de apoio para pais em busca de ajuda para seus filhos.
De tudo um pouco
Blog novo. Pensei: não dá para ter um blog e este não ser do google. Quem sabe agora sou mais assídua? O que ainda não consegui é definir um perfil para este endereço virtual. O que vou fazer? Comentar notícias? Falar sobre meus filhos? Escrever (ou tentar) crônicas? Desabafar? Acho que tudo isso, de tudo um pouco. Tudo em palavras escritas, as minhas preferidas.
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