Torço para que nunca acabe o público do cinema, mas adoro as salas vazias quando vou assistir um filme. Também gosto bastante de ir sozinha. A explicação: preciso do silêncio para me concentrar e mergulhar nas histórias. Quando estas são fortes, saio até atordoada das sessões. Como se alguma coisa chacoalhasse por dentro. E preciso de chacoalhões de vez em quanto.
A última vez que fui ao cinema, no entanto, não tive sorte. A sala estava cheia e sentei ao lado de um casal falastrão de amigos. Eles entraram barulhentos, já com as luzes apagadas, e assim continuaram. Pedi silêncio, em vão. Aí é que falaram mesmo, sem parar.
Era para eu ter ficado com raiva, mas ao ouvir os comentários, o que infelizmente era inevitável, fui tomada por uma sensação de calma. Pensava: o negócio é superar e insistir na concentração diante da telona.
Aí, durante a projeção, veio uma sensação que pode até parecer feia, pretensiosa, mas é sincera: achei que era superior ao casal e que, por isso, deveria ignorá-lo.
Os dois amigos viram o filme, "Foi Apenas um Sonho", como se fosse a mais básica novela das 8. Não entenderam que a história se passa nos anos 50. Não compreenderam o drama do casal suburbano, dividido entre o conforto e a segurança de uma vida comum e a aventura de uma mudança para Paris. Ficavam confusos diante de cenas que não tinham explicações explícitas. Ou seja, além da falta de educação, têm a ignorância como característica comum.
Tenho outra sensação bastante incômoda - e também antipática - que quero confessar: acho o público de Bauru meio caipira, no mal sentido da palavra. Nunca vi ninguém tagarelar impunemente numa sala de cinema de São Paulo, por exemplo. Aqui, é como se fosse normal. Só eu pedi para o casal ficar quieto.
O que acontece?
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
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