terça-feira, 21 de julho de 2009

A agenda

Os vereadores de Bauru precisam torcer para que pouca gente assista, pela TV, a transmissão das sessões legislativas. Eu assisti ontem e a sensação é de que vi algo ridículo. Não encontro outra palavra para definir a longa discussão sobre datas propostas pela prefeitura para comemorar o meio ambiente.

A agenda ecológica provocou o primeiro "grande" embate entre situação e oposição na atual administração, com vitória para os apoiadores do prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB).

Sinal de que a situação no Legislativo é realmente muito crítica - o assunto mais impactante da atual legislatura foi, até agora, a proposta de datas comemorativas para a cidade...

Ouvi parlamentares declarando que não basta criar uma agenda para resolver os problemas do meio ambiente. Óbvio que não! Alguém acredita que o prefeito, ambientalista desde criancinha, criou a tal agenda para resolver alguma coisa?

É esperado que parlamentares cobrem ações e queiram mais detalhes sobre os projetos ambientais do governo, que não são restritos à agenda e passam pelo tratamento do esgoto, a arborização, a ampliação do zoológico, etc. Eles tem todo o direito de protestar caso não consigam essas informações, o que não parece ser o caso. A própria Câmara debateu recentemente alternativas para tratar o esgoto.

Também podem criticar e votar contra à agora famosa agenda ambiental - realmente estabelecer datas comemorativas não significa muito para a cidade. O projeto pode ser chamado de penduricalho, como tantos votados pela Câmara.

Mas não foi simplesmente isso que aconteceu ontem à tarde. Vereadores trataram o caso como uma medição de forças com o Executivo. E gastaram o tempo, que deveria ser precioso no Legislativo, para debater um assunto que sequer preocupa a população.

Alguns parlamentares são altos, falam grosso e tem conteúdo intectual para mostrar aos eleitores. Sinto muito, mas deu vontade de rir (para não chorar) assistir esses atributos sendo usados com veemência para discutir o dia da árvore...

Pior ainda o que ficou nas entrelinhas. Num discurso, vereador da oposição desafiou: essa votação vai mostrar quem é quem. Um ouvinte mais ingênuo poderia achar que tratava-se de mostrar quem defende a natureza e que não está nem aí. Nada disso. Ele queria dizer que a votação mostraria quem vota com o prefeito - e tem cargos na administração ou espera (muiiito) ter. A velha conhecida troca de favores.

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