sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Maysa em Bauru

A Camila, do BOM DIA, tem razão. Bauru deve ser mesmo um "centro cabalístico cheio de ligações com tudo que acontece pelo mundo".

Como pode a Maysa, cantora de fossa de Copacabana, ter morado aqui?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Guerra idiota

Não olho mais as capa da Folha e do Estadão enquanto não terminar a guerra na Faixa de Gaza. Decisão bem convarde, principalmente para uma jornalista. Mas tenho dois filhos pequenos para criar e não posso entrar em depressão. E é isso que sinto, depressão, cada vez que vejo uma criança morta no colo dos pais ou erguida nos braços de gente chorando.

Não há justificativa para a morte de uma criança. Esta guerra é idiota, feita por homens idiotas, por motivos idiotas.

A imagem que vi hoje, logo cedo, foi a gota d´água: uma menina morta, mas de olhos abertos, à beira da vala em que seria enterrada. Olhos grandes, assustados, aterrorizados.

Por que esses homens IDIOTAS não vão para um espaço só deles e matam uns aos outros, se é disso que gostam?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O PV mudou?

Preciso escrever sobre isso porque, na campanha eleitoral, tinha um blog bastante acessado à disposição e fiz vários elogios ao PV, partido que demonstrava estar unido, com propostas concretas e distante das baixarias que marcaram boa parte da disputa.

Pois agora, depois da eleição para a mesa diretora da Câmara, fiquei com uma má impressão do partido. E não foi só porque Natalino da Silva, o único vereador verde, não seguiu o acordo partidário e votou em outro nome em troca da vice-presidência do Legislativo.

Na verdade, até agora não entendi porque o PV fechou questão em torno do nome apoiado pela oposição - Chiara Ranieri, vereadora no primeiro mandato, eleita pelo DEM.

Um rascunho de argumento é que o partido queria o equilíbrio entre os poderes e daí a decisão de eleger uma presidente da oposição. Não dá para acreditar. Se fosse isso, não seriam necessárias as várias reuniões pré-eleição. Bastaria decidir que o partido votaria na oposição, para garantir o tão desejado equilíbrio.

Mas o que mais me incomoda é a sensação de que a cúpula do PV vê Natalino apenas como instrumento para exercer o naco de poder que conquistou nas eleições municipais. Posso estar muito enganada, mas sinto que, para o partido, o vereador da Pousada da Esperança não tem o mesmo peso político que o educador que representa os verdes da região em Brasília, que o médico que preside a legenda em Bauru e que o ambientalista que disputou a eleição para prefeito.

Desde o primeiro dia pós-eleição Natalino parece mais propenso a apoiar o governo de Rodrigo Agostinho, pelo menos na primeira fase, do que juntar-se à oposição. Então, o que aconteceu? Ele foi voto vencido? Se foi, quando aconteceu a reunião da executiva verde que decidiu votar com os opositores? Porque a decisão não foi divulgada, o que combinararia com a transparência adotada pelo partido na campanha eleitoral? Onde está o PV democrático e que comemorou a eleição de um líder popular para a Câmara?

Tudo isso não está estranho?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Ivete

Que coisa! Neste feriadão, fiquei fã da Ivete Sangalo. Não gosto muito do axé que ela canta repetidamente e muito menos do bordão "tira o pé no chão". Mas assisti parte do show de Ivete no Ano Novo. Fiquei impressionada com a energia e simpatia. Hoje, vi o quadro novo do Fantástico, "Anjo da Guarda". Dito, o secretário da cantora, conta histórias da vida dela. E dele. E chora. Achei emocionante.

Maysa

Como Jayme Monjardim conseguiu segurar a emoção ao gravar cenas de sua própria infância ao lado da mãe, a cantora Maysa? Numa das cenas, a mãe deixa o filho pequeno num internato da Espanha. Sozinho. O Jayme menino é interpretado pelo filho do hoje diretor famoso. Nossa...

Em entrevista à imprensa, o autor Manoel Carlos disse que Jayme é muito profissional e conseguiu o distanciamento necessário para dirigir a série, que estréia amanhã na Globo.

Não consigo imaginar isso numa história tão intensa. Um dos episódios é especialmente dramático. Maysa vai visitar o filho após dois anos de distância e se recusa-la a beijá-lo. Jayme estaria doente e a cantora não queria contaminar a voz.

Não sei se esse episódio é real ou não. A Folha diz que foi uma criação de Manoel Carlos, para sintetizar a personalidade de Maysa. No Estadão o caso é tratado como verdadeiro. Imagino a dor do menino.

Ele disse que, como diretor, foi profissional. Mas não sabe o que vai acontecer quando assistir a série, sem o compromisso de manter o distanciamento profissional.

Deve chorar muito, acredito.

Decepção na Câmara de Bauru

Bauru sente um gosto - amargo - de decepção em relação à nova Câmara, tão celebrada por causa da renovação de 80% nas últimas eleições municipais.

Pois esta nova Câmara vista com tanta esperança começou muito mal o ano e a legislatura. Prova de que não basta mudar os vereadores sem rever de forma profunda o papel do Legislativo - para que serve mesmo, além de negociar interesses individuais?

Os vereadores elegeram no primeiro dia de 2009 o Pastor Luiz Barbosa para presidir a Câmara nos próximos dois anos. Ligado à Igreja Universal, ele está no terceiro mandato, sempre eleito pelos integrantes de seu grupo religioso.

Não tem nada de errado num grupo religioso se unir para eleger um parlamentar. Eu, particularmente, não gosto de religião misturada com política. Mas também tenho que admitir que há liberdade suficiente para evangélicos, católicos, umbandistas, etc., se unirem em torno de uma causa política. O mandato do Pastor Luiz é legítimo, assim como sua candidatura à presidência.

Como também é legítima a aversão que sua figura política provoca em grande parte da população - e eu me incluo neste segmento.

De minha parte, não se trata meramente de antipatia política. Vi, várias vezes, ao vivo, o vereador ser procurado pelos corredores da Câmara porque não estava em plenário na hora de uma votação. O nome era chamado e ele não estava lá, na única sessão semanal do Legislativo.

Só isso, na minha opinião, já o descredencia para comandar um dos poderes municipais mais importantes.

Mas não é só isso. O pastor responde a processos na Justiça por uso irregular de carros públicos. Em seu primeiro mandato, ele foi acusado de usar veículos da Câmara para fins particulares, inclusive relacionados à igreja em que milita. Saiu indiciado da delegacia. O processo ainda não foi julgado, porque a Justiça brasileira é lenta, permite diversos recursos e manobras legais que atrasam as decisões.

E, como se não bastasse, o novo presidente é conhecido por sua dificuldade em expressar idéias. Quase nunca discursa na tribuna. Tem pouca participação nas reuniões do Legislativo em que são debatidos temas importantes para a cidade. É difícil - para não dizer impossível - lembrar de alguma iniciativa dele que tenha provocado discussões ou decisões que merecem ser levadas em conta.

Este é o novo presidente da Câmara de Bauru. Esta é a Câmara que renovaria a vida parlamentar da cidade. Este é o cenário que desanima quem ainda tinha esperança no desempenho dos nobres vereadores.

sábado, 3 de janeiro de 2009

O prefeito no Ferradura Mirim

Rodrigo Agostinho, o novo prefeito de Bauru, iniciou o mandato com uma visita ao Ferradura Mirim, um dos bairros mais pobres e violentos da cidade. Levou todo o secretariado, o que provocou cenas inusitadas: homens e mulheres bem nascidos, bem formados, cheios de boas intenções, mas muito distantes daquelas ruas imundas e enlameadas.

Ouvi de um colega: é puro marketing político. Acho que não concordo. Lógico, o jovem prefeito deve avaliar a repercussão de cada ato de sua tão aguardada administração. Mas quem é que não faz isso, todo dia, mesmo longe da política.

A tendência é ver qualquer ato político com desconfiança. As próprias ações dos homens públicos provocaram isso. Rodrigo seria criticado se tivesse descansado no primeiro dia útil de seu governo, uma sexta-feira pós-feriado de Ano Novo. Teria sido atacado caso escolhesse um bairro nobre ou mesmo central para percorrer. Ou seja, ir à periferia foi a melhor atitude mesmo - e não só por causa do tal marketing.

Para os secretários e também para os jornalistas que percorreram as feias ruas do Ferradura, a visita foi didática. É bom sonhar, imaginar novos e melhores tempos, começar o ano com esperança. Mas é importante também ver a realidade nua e crua e saber que é preciso muito ainda para que a vida de milhares de adultos e crianças comece a melhorar.

No bairro, um garoto de 8 anos - e tamanha de 4 - me viu olhando pela janela o centro comunitário em construção. "É a casa dos nóia", explicou. Dois irmãos, um pouco maiores, circularam entre as autoridades com metralhadoras de brinquedo. O menino até apontou para a comitiva oficial e para os jornalistas. A mãe olhou tudo, de cara fechada, sem muita esperança. No final da visita, um homem alto e loiro circulou num carrão e parou para falar rapidamente com o prefeito. Mora no bairro, conversa com algumas lideranças comunitárias e seria uma espécie de chefão do local.

Posso apostar que vários secretários ali presentes nunca tinham ido ao Ferradura. E não tem jeito - ver pessoas vivendo naquela situação tem um forte impacto. Faz repensar prioridades e a forma de encarar o dia-a-dia.

Rodrigo está acostumado a circular na periferia, conhece a máquina pública e deve saber que ações imediadistas não resolvem o problema do bairro. Mas, se eu fosse prefeita, mandaria limpar o Ferradura com urgência. Determinaria que pelo menos o lixo espalhado pela rua fosse tirado do caminho.

É insuportável ver crianças andando em meio aos destroços.