Na última campanha para prefeito, um dia tive a oportunidade de entrevistar sozinha o ex-candidato Caio Coube, empresário ligado ao PSDB. Por sorte, não tinha nenhum assessor ao lado. Quem viveu aquele período sabe bem. Alguns dos assessores mais atrapalharam do que ajudaram. Atrapalharam ele mesmo, o candidato.
Naquele dia, o empresário falou sobre sua infância e adolescência. E o fez com sinceridade, senti isso.
Uma das situações que lembrou, por conta própria, foi um famoso episódio envolvendo seu pai, Sérvio Túlio, na década de 70.
Católico fervoroso, o pai de Caio não concordou com uma citação a Jesus Cristo pela atriz Marília Pera, numa peça de teatro apresentada em Bauru. Sérvio invadiu o palco, num episódio de repercussão nacional. Uma vergonha, claro.
A mini-biografia do ex-candidato não foi publicada porque ele perdeu a eleição. Mas ficou pronta, assim como a do eleito Rodrigo Agostinho, esta sim editada em quatro páginas do jornal BOM DIA.
Naquele dia, numa sala tranquila, pude conhecer um pouco mais o empresário. Consegui compreendê-lo melhor ao ouvir a narração de sua trajetória de vida.
Achei surpreendente saber pelo próprio Caio que ele foi contra a postura do pai. Sérvio foi parar no programa da Xênia, na época uma famosa apresentadora de TV. O filho foi junto. E disse, no ar, que respeitava o pai, mas condenava seu ato exagerado.
Eu sempre tinha ouvido falar desse episódio bizarro, mas não sabia direito qual dos Coube tinha invadido o palco e interrompido a Marília Pera, uma das grandes atrizes brasileiras. Ter acesso ao relato do ocorrido de uma fonte segura foi bem interessante para minha vida de repórter.
Mas é justo dizer que Sérvio Túlio Coube não foi o único responsável pela imagem um tanto estranha conquistada por Bauru entre artistas nacionais.
Outro dia mesmo assisti o bauruense Edson Celulari contar para Marília Gabriela que durante anos recusou uma dessas honrarias cafonas concedidas pela Câmara. Era um protesto. Ele não se conformava com a falta de um teatro municipal na cidade em que nasceu.
O teatro municipal foi construído e inaugurado, outro espaço para espetáculos recebeu o nome de Edson e ele finalmente veio pegar o título entregue pelos vereadores.
Só que o teatro segue problemático. Vira e mexe surge uma falha. Falta energia elétrica, o ar-condicionado pifa, artistas protestam e até cancelam apresentações. Aconteceu com a cantora Ná Ozzetti, na Virada Cultural, em episódio ainda não claramente explicado.
A mesma Virada teve outro incidente, desta vez no Vitória Régia. Roger, do Ultraje a Rigor, teria sido pressionado para citar o nome do prefeito Rodrigo Agostinho e talvez chamá-lo para discursar rapidamente. Eu não estava lá, mas os relatos, inclusive do próprio Roger, são de invasão de palco por uma assessora. Ele não aceitou e reclamou, com razão.
De novo, ficou feio para Bauru.
Qualquer um que já tenha andado a pé ao lado de Rodrigo, na periferia ou nas ruas centrais, tem certeza: o prefeito não precisa desse tipo de recurso para ganhar popularidade. Tem um carisma que dispensa ajuda de assessores. E disposição para ouvir tudo o que chega a seus ouvidos, de elogios a cobranças, passando pelas reclamações.
No principal palco da Virada Cultural, no entanto, talvez até sem seu consentimento, o Rodrigo que ganhou destaque foi o que teve o nome escrito num bilhete que lembra as práticas políticas mais antigas. O nome do prefeito foi usado para interromper um show, logo em Bauru, que já parou uma peça de teatro.
Logo Rodrigo, que injeta juventude numa cidade que há tempos não quer mais ser propriedade dos velhos e moralistas senhores engravatados.
terça-feira, 25 de maio de 2010
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